segunda-feira, 20 de junho de 2016

"FILOSOFIA DA CIÊNCIA"





A matéria
Quanto aos físicos, eles têm duas maneiras de argumentar. Uns, de fato, tendo feito do ente um corpo único que é o substrato – seja um dos três elementos, seja outro que é mais denso que o fogo
e mais sutil que o ar –, engendram as outras coisas por condensação e rarefação, fazendo-os múltiplos (mas são, desse modo, contrários...).

O que é natural?
Entre os entes, alguns são por natureza, outros por outras causas: nós dizemos que são por natureza os animais tanto quanto suas partes, as plantas os corpos simples como a terra, o fogo, o ar, a água – coisas, de fato, e coisas semelhantes dizemos que são por natureza. Ora todas essas coisas se mostram diferentes daquelas que não são constituídas por natureza. Cada uma dessas, de fato, possui em si mesma um princípio do movimento e de repouso, umas quanto ao lugar, outras quanto ao aumento e diminuição, outras quanto à alteração. (...) A natureza é um princípio, a saber, uma causa do fato de ser movido e de estar em repouso para aquilo que a ela pertence imediatamente por si e não por acidente (...).

O natural e a matéria
A natureza se diz então assim de uma primeira maneira: a matéria subjacente primeira de cada um dos seres que têm neles mesmos um princípio do movimento e de mudança; de uma outra maneira, é a configuração e mais precisamente a forma segundo a definição [193 a 30].

A matéria e a forma
Para Aristóteles, os antigos pensadores falaram apenas da matéria, mas a substância é composta de matéria e forma. Essa última garante à matéria o ser essencial por oferecer sua definição. Desse modo, para Aristóteles, eles apenas perceberam uma das causas do ente natural. Eles enfatizaram unilateralmente uma ou outra causa.

Matéria e movimento
Mas os princípios que movem naturalmente as coisas são dois, do qual um não pertence à natureza; de fato, ele não tem em si mesmo princípio do movimento; tal é o caso do que se move sem ser movido, como o que é completamente imóvel – quer dizer do ente primeiro entre todos – e a essência e a forma, pois é um objetivo em vista de quê [198 b].


Semana 2

Metafísica e lógica

A palavra "metafísica" deriva da antologia de trabalhos de Aristóteles μετάφυσικά (metàphysiká), indicando que aqueles trabalhos foram compilados após os trabalhos sobre a física. Aristóteles referia-se a estes trabalhos como "filosofia primeira", indicando a primazia teórica de seu conteúdo em relação àqueles abordados na física. Comentadores entenderam que a palavra "metafísica" poderia ser reinterpretada como "a ciência do mundo para além da física" e encontraram razões intrínsecas para justificar o uso do termo "metafísica" para referir-se a este tipo de trabalho, de forma que o termo se instaurou e sobreviveu até os dias atuais.
Thomás de Aquino, em seu Expositio in librum Boethii De hebdomadibus, explicou que este uso era pedagógico e cronológico, de acordo com o autor, os estudos conhecidos como metafísica, deveria ser levados a cabo após compreendermos as ciências que lidam com o mundo físico - material. A metafísica portanto trataria dos aspectos imateriais ou abstratos do mundo, ocupando-se principalmente em responder duas questões fundamentais:
  1. O que existe?
  2. Como é o que existe?
Estas duas questões, aparentemente simples, tem liderado o debate desde que Thales de Mileto, que segundo Aristóteles teria sido o primeiro filósofo, afastou as explicações mitológicas e divinas para formular uma causa primeira, a qual chamou "Arche", significando "origem" ou "início". Através desta causa primeira seria possível explicar todos os fenômenos. Não por acaso, um dos ramos centrais da metafísica é a ontologia, que se ocupa das investigações acerca do ser e de como as categorias básicas de ser se relacionam.
Tradicionalmente, ocupam lugar de destaque nos debates acerca de questões metafísicas os filósofos Aristóteles, que não apenas foi indiretamente o responsável pelo nome desta disciplina como desenvolveu investigações em praticamente todas os temas da metafísica, desde a questão dos universais, como apresentada por seu mentor Platão, até movimento e causalidade, entre outros temas; Leibniz, Descartes e Espinosa, no que concerne ao movimento racionalista; Immanuel Kant, que procurou realizar uma grande síntese das discussões que lhe precederam; e o filósofo que encabeçou a filosofia analítica da primeira metade do século XX, Bertrand Russell, trazendo a tona a teoria do monismo neutro.
Até a metade do século XX, a filosofia analítica tendia a rejeitar as teorizações metafísicas, porém com as discussões levantadas por filósofos como David Kellog Lewis e David Malet Armstrong observamos um renascimento das teorizações metafísicas, para tratar de questões como universais, causação, objetos abstratos e necessidade. Questões em filosofia da ficção, filosofia do tempo e debates sobre a existência como uma propriedade deixaram de ser obscuras e passaram ao centro dos debates acadêmicos.
Quanto a relevância de se levantar questões metafísicas, dois filósofos se destacam no debate, Amie Thomasson e Ted Sider. Thomasson argumenta que a maioria das questões metafísicas seria nada mais que confusões de palavras, podendo ser solucionadas simplesmente pelo modo como olhamos para o uso de algumas das palavras envolvidas, ao compreendermos este uso seriamos capazes de perceber que a questão na verdade não se coloca, é uma questão aparente. Sider, por outro lado, argumenta que tais questões não são simples confusões de palavras, mas tem conteúdo substantivo e que o progresso nestas questões pode ser feito por meio de virtudes valorizadas nas ciências, como a análise do poder de explicação e a simplicidade.



Semana 3
A Revolução Científica



Chamamos de revolução científica o período entre os anos de 1550 e 1770, aproximadamente. Este período foi marcado por mudanças na forma do pensamento…
Seu início, pode-se dizer, se deu com a proposta do modelo heliocêntrico de Nicolau Copérnico, ou seja, com a proposta de que a Terra não está no centro do universo, e se que ela se move. O pensamento da população a respeito da composição da matéria baseava-se somente na terra, no fogo, no ar e na água, mas algum tempo depois, tudo passou a ser diferente: sabia-se da existência das pequenas partículas e de seu papel na formação das coisas. Com o início dessa revolução, passou-se a ir contra muitos pensamentos da igreja e novos estudos foram realizados para que essa visão de Copérnico fosse aceita. Surgiram então novas propostas de Galileu Galilei, René Descartes, Christiaan Huygens e Isaac Newton.
O termo Revolução Científica, no entanto, somente passou a ser usado a partir de 1939, quando Alexandre Koyré, historiador francês, começou a usar o termo para designar o período de mudanças intelectuais radicais.

Motivos

Entre as principais causas, podemos citar o renascimento cultural, a imprensa, a reforma protestante e o hermetismo que nada mais é que o estudo e a prática da filosofia oculta e da magia.
Com o surgimento do renascimento, vieram correntes de pensamento que pregavam o uso do senso crítico mais aprofundado, assim como uma atenção maior às necessidades humanas. Com esse senso crítico, o homem passou a ver mais os fenômenos naturais ao invés de levar tudo pelo que a Igreja Católica dizia.

Os avanços

Entre muitas mudanças que essa revolução trouxe para a ciência, está a percepção de que quando estudamos a natureza da Terra, também estamos conhecendo como ela é no Universo. A observação das manchas solares feita por Galileu em torno do ano de 1610 foi o que mais determinou a mudança de pensamento quanto ao movimento da Lua em torno da Terra, assim como dos planetas ao redor do Sol.
Ele descobriu que as manchas não pareciam estar estacionadas, movendo-se pelo disco solar com aparência irregular variando, diariamente, na opacidade e em número. Passou ainda a lançar-se contra tudo que se acreditava até então, contra a crença tradicional e argumentando sobre a doutrina ortodoxa, afirmando que esta deveria também ser testada por meio de observações confiáveis e deduções matemáticas.
Além disso, a ciência passou a ser mais aceita e ganhou muitas outras ferramentas, ganhando espaço e removendo as influências místicas da Idade Média nos pensamentos. A imprensa foi inventada por Johannes Gutenberg e, com isso, as releituras foram eliminadas, mantendo cópias dos originais a todos que a quisessem, sem interpretações equivocadas.
A matemática descreveu verdades, a física explicou os fenômenos da natureza que antes eram explicados como fenômenos divinos pela igreja, e provou-se que a Terra é que se movia em torno do Sol.

 
Semana 4
A revolução cartesiana
Descartes é um filosofo cuja característica é o seu temperamento matemático, sua preocupação era com a ordem, a clareza e a distinção. Preocupava-se também em manter a sua filosofia positiva e concreta, contudo de modo simples e claro. Descarte propôs fazer uma ciência essencialmente pratica e não especulativa, queria disciplinar a ciência e isso seria possível com um bom método. Esse método seria universal, inspirado no rigor matemático e racionalista.
O Método Cartesiano
O método seria um instrumento, que bem manejado levara o homem a verdade, esse método consiste em aceitar apenas aquilo que é certo e irrefutável e conseqüentemente eliminar todo o conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias. O objetivo de Descartes era de abranger numa perspectiva de conjunto unitário e claro, todos os problemas propostos a investigação cientifica.
O fundamento principal da filosofia cartesiana consiste na pesquisa da verdade, com relação a existência dos "objetos", dentro de um universo de coisas reais. O método cartesiano esta fundamentado no principio de jamais acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar a verdade. Com essa regra nunca aceitara o falso por verdadeiro e chegará ao verdadeiro conhecimento de tudo.
Descartes parte do cogito (pensamento) que faz parte do seu interior, colocando em duvida a sua própria existência para chegar a uma certeza sobre a concepção de homem, o qual faz um novo pensar sobre a problemática (homem) considerando duas principais substancias existentes, que são o corpo e a alma que se unem em uma união fundamental porem distintas entre si.
Suas obras principais são tidas como clássicas são elas: Regras para a orientação do espírito – 1628 (primeiros conceitos do método cartesiano), Geometria – 1637 - (estudos e reflexões sobre a matemática, a física e a geometria), Discurso do Método – 1637 (instruções de como conduzir a razão, como buscar a verdade na ciência), Meditações – 1641 (expande as reflexões do discurso do método cartesiano).
O cartesianismo também pode ser definido numa perspectiva de senso comum como a primeira filosofia moderna e acabou estabelecendo as bases da ciência moderna e contemporânea. Sobre esta questão temos na wikipedia a seguinte afirmação:[1]
O cartesianismo é um movimento filosófico cuja origem é o pensamento do francês René Descartes, filósofo, físico e matemático (1596-1650). Segundo Bertrand Russell Descartes é considerado o fundador da filosofia moderna e pai da matemática. Descartes foi o responsável pelo racionalismo continental, fazendo oposição ao empirismo. Descartes é considerado o primeiro filósofo "moderno"porem ele mesmo não se considera mestre e sim um estudioso, descobridor e explorador daquilo que encontrou. Sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou o seu desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras Discurso sobre o método e Meditações - ambas escritas no vernáculo, ao invés do latim tradicional dos trabalhos de filosofia - as bases da ciência contemporânea.
O método cartesiano põe em dúvida tanto o mundo das coisas sensíveis quanto o das inteligíveis, ou seja, duvidar de tudo, As coisas só podem ser apreendidas por meio das sensações ou do conhecimento intelectual. A evidência da própria existência – o "penso, logo existo" – traz uma primeira certeza. A razão seria a única coisa verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento. Diz Descartes "Eu sou uma coisa que pensa, e só do meu pensamento posso ter certeza ou intuição imediata".
Para reconhecer algo como verdadeiro, ele considera necessário usar a razão, o raciocínio como filtro e decompor esse algo em partes isoladas, em idéias claras e distintas, ou seja, propõe fragmentar, dividir o objeto de estudo a fim de melhor entender, compreender, estudar, questionar, analisar, criticar, o todo, o sistema. Enfim experimentar na esfera da ciência e da razão, isto é estudar cientificamente, historicamente e racionalmente.
Para garantir que a razão não se deixe enganar pela realidade, tomando como evidência o que de fato pode não passar de um erro de pensamento ou ilusão dos sentidos, Descartes formula sua segunda certeza: a existência de Deus. Entre outras provas, usa a idéia de Deus como o ser perfeito. A noção de perfeição não poderia nascer de um ser imperfeito como o homem, mas de outro ser perfeito, argumenta. Logo, se um ser é perfeito, deve ter a perfeição da existência. Caso contrário lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, Deus existe. Essas conclusões são possíveis a partir da sua metafísica. A metafísica de Descartes é buscar a identidade da matéria e espaço, o mundo tem uma extensão infinita, o mundo é constituído pela mesma matéria em qualquer parte, o vácuo é algo impossível.
Segundo informação extraída da Internet na enciclopédia virtual wikipedia, Descartes é considerado como um revolucionário para a sua época, trouxe novos parâmetros para a ciência e para a busca da verdade[2]
O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento". Para a sociedade feudal, o conhecimento estava nas mãos da Igreja, onde não havia reflexões em torno da existência e da racionalidade. Descartes viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que numa região é tido por verdadeiro, é achado como ridículo, disparatado, mentira, nos outros lugares. Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam, aquilo em que acreditam. Descartes quer acabar com a influência desses "costumes" no pensamento. Como principio fundamental de todo conhecimento coloca o "cogito ergo sum", isto é, a certeza do próprio pensamento e da própria existência.
O objetivo de Descartes é a pesquisa de um método adaptado a conquista do saber, descobre esse método que tem como objetivo a clareza e a distinção, ou seja, com isso quer ser mais objetivo possível, imparcial, quer fundamentar o seu pensamento em verdades claras e distintas. Para isso, de acordo com o seu método, devem ser eliminadas quaisquer influencias de idéias que muitas vezes não são verdadeiras, mas que são tidas como mitológicas e por fim muitas vezes acabamos aceitando tais mitos sem que nunca tenhamos comprovado de fato. Só devemos nos basear em enunciados claros e evidentes.
Essa metafísica cartesiana ou método cartesiano nos diz de que é feito e como é feito o mundo. O método cartesiano revoluciona todos os campos do pensamento de sua época, possibilitando o desenvolvimento da ciência moderna e abrindo caminho para o ser humano dominar a natureza. A realidade das idéias claras e distintas, que Descartes apresentou a partir do método da dúvida e da evidência, transformou o mundo em algo que pode ser quantificado. Com isso, a ciência, que até então se baseava em qualidades obscuras e duvidosas, a partir do início do século XVII torna-se matemática, capaz de reduzir o universo a coisas e mecanismos mensuráveis, que a geometria pode explicar. Descarte propõe uma espécie de ceticismo para as coisas, tudo tem que ser duvidado, experimentado.
Sobre o método cartesiano Moraes (1992, p.14) afirma que:
O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico - duvida-se de cada idéia que pode ser duvidada. Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser, Descartes institui a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que possa ser provado. Ele mesmo consegue provar a existência do próprio eu (que duvida, portanto, é sujeito de algo - cogito ergo sum, penso logo existo) e de Deus. O ato de duvidar como indubitável. È a metafísica que vai prescrever ao cientista o que ele deve buscar, qual o problema e para tanto é necessário utilizar do método da fragmentação, isto é da redução para buscar a verdade Também consiste o método na realização de quatro tarefas básicas: verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada; analisar, ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades de composição, fundamentais, e estudar essas coisas mais simples que aparecem; sintetizar, ou seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro; e enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento.
Descartes dividiu a realidade em res conngitas (consciência e mente) e res extensa (corpo e matéria). Acreditava que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo. Em relação à ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser passada pela metodologia de Newton. Ele propunha, por exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo, o vácuo é algo impossível. Descartes acreditava que a matéria não possuía qualidades inerentes, mas era simplesmente o material bruto que ocupava o espaço. Descartes propunha a criação de um método para chegar a verdade cientifica, pois a duvida não pode jamais existir, tem que haver certeza, lógica e razão na ciência.
Para Descartes, nem os sentidos, que podem enganar-nos, nem as idéias, que são confusas, podem nos dar certezas e, portanto, nos conduzir ao entendimento da realidade. Por isso, com a finalidade de estabelecer um método de pensamento que permita chegar à verdade, desenvolve um sistema de raciocínio que se baseia na dúvida metódica e não pressupõe certezas e verdades. Com base nisso reconstrói o universo da metafísica clássica com a idéia de que a essência do ser humano esta no pensamento.
O anticartesianismo
O homem-máquina
O homem-máquina ocidental
Deus, homem e ciência
Distinção de corpo e alma
reação vitalista
A nova aliança na onda anticartesiana


Semana 5
Lógica Matemática

A lógica antiga, moderna ou clássica não era plenamente formal, pois não era apática aos conteúdos das preposições nem às operações intelectuais do sujeito do conhecimento. Era atribuída a forma lógica o valor de falsidade ou verdade com base na falsidade ou verdade dos atos de conhecimento do sujeito e na irrealidade ou realidade dos objetos conhecidos. Em oposição a essa linha de pensamento, a lógica contemporânea, procura se tornar um cálculo simbólico, preocupando-se cada vez menos com o conteúdo material das preposições e com as operações intelectuais do conhecimento. Tornando-se plenamente formal.

A lógica descreve as formas, as relações e as propriedades das preposições, em decorrência da construção de um simbolismo regulado e ordenado que permite diferenciar linguagem cotidiana e linguagem formalizada. A linguagem formal nada tem a ver com a linguagem cotidiana, pois se trata de uma linguagem inteiramente construída por ela mesma, baseada no modelo da matemática.

Desde o período da Grécia Antiga, a matemática era considerada uma ciência baseada no intuito intelectual de verdades absolutas, existentes em si e por si mesmas, não dependendo de nenhuma interferência humana.

As figuras geométricas, os axiomas, os números, as operações algébricas, as operações aritméticas e os símbolos eram considerados verdades absolutas necessárias, universais, que existiriam com ou sem os homens e que permaneceriam existindo mesmo se os seres humanos desaparecessem. Porém, a partir do XVII passou-se a considerar a matemática uma ciência que resulta de uma construção intelectual, uma invenção do espírito humano.

Os entes matemáticos são puras idealidades construídas pelo pensamento ou pelo intelecto, que formula um conjunto rigoroso de regras, princípios, normas e operações para a criação de números, figuras, cálculos, símbolos, etc. Concluído que a matemática é uma ciência de formas e cálculos puros, organizados numa linguagem simbólica perfeita, na qual cada signo é um algoritmo, isto é, um símbolo com um único sentido.

 
Semana 6

Ciência Clássica e Paradigmas não-clássicos na Ciência:O significado das qualidades secundárias na natureza)

O conhecimento que temos do mundo está baseado nas experiências que fazemos. Porém, precisamos fazer uma distinção entre o que é uma qualidade primária e o que é uma qualidade secundária.
As qualidades secundárias estão baseadas nas experiências que temos com as coisas ao nosso redor. São as sensações que temos daquilo que é uma propriedade do real. Nesse real está contido o conhecimento científico; é o lugar onde está a realidade primária das coisas. Esse conhecimento é alcançado pelo intelecto que nos dá a conhecer o mundo e compreender os seus movimentos. A partir daí realizam-se as experiências sensoriais que vem a ser o atomismo de onde compreendemos o mundo através do intelecto.
Porém, não podemos reduzir o “ser” à “aparência” da realidade. É nesse ponto que entra a ciência com a sua investigação para compreender a realidade além das aparências, além das nossas mentes e supostamente está fora dela. É a relação entre “realidade” e “aparência”.

A ciência clássica é caracterizada pelo encontro que existe entre o homem e a natureza. Nesse encontro a matemática buscou a representação da natureza como um conjunto de leis que estão dentro de uma ordem regular. As descobertas científicas conferem um novo sentido e descobrem a linguagem desta natureza. Esta linguagem se dá numa estrutura que está ordenada de forma regular como num relógio. Essa natureza tem leis que seguem regras matemáticas numa ordenação que se dá em dois pontos: programação (tempo) e regulação (movimento). Esse teria sido o princípio que norteou a Criação Divina e que foi implementado nas máquinas inventadas pelo homem.
Neste ponto, as qualidades secundárias são vistas como o efeito dos nossos sentidos em relação àquilo que é primário. Por primário entende-se o que é inerente aos corpos físicos como número, tamanho, movimento ou repouso. É aquilo que não pode ser separado do objeto pelo nosso pensamento. Já as qualidades secundárias provêm das experiências que temos com as qualidades primárias, como cor, som, sabor, sensação... Galileu vê essas qualidades apenas como nomes que, além da experiência sensorial ou mental, não dizem nada. Existem somente no corpo que o sente. Por esse motivo, não podem figurar no domínio matemático da natureza. Somente as qualidades primárias permanecem, mesmo que o homem deixe de existir. É o mundo real que continua existindo fora do homem e que, matematicamente, segue seu curso independente de nossos sentidos.